quarta-feira, 11 de maio de 2016

- O “REINO DO SUPERFICIAL”…




Não sei se, alguma vez, já teve a curiosidade de procurar a definição da palavra “vida”.
Vida é o: «Espaço de tempo que decorre desde o nascimento de um ser vivo até à sua morte; a existência.» (Dic. Enc. de Língua Portuguesa, Seleções do Reader’s Digest, Publ. Alfa, 1992, pág. 1236).

Estamos vivos, existimos e isso é um facto.

Mas, fomos condenados à morte, pela natureza, desde o dia do nosso nascimento…
Como diz um velho provérbio tibetano: «Amanhã, ou a próxima vida - quem sabe qual delas chegará primeiro?» 

Não sei se, alguma vez, já refletiu sobre o nosso modo de existência…

Criámos uma sociedade superficial, hipócrita, na qual, o ego e o culto da aparência assumem protagonismo e onde a competição e o sucesso individuais constituem, desde muito cedo, metas de uma vida. E, nesse modelo de existência (e de coexistência), o desejo de poder, posição social e de prestígio, dividem-nos, separam-nos e, consequentemente, geram um profundo e, tantas vezes, insustentável, isolamento…

De facto, quando passamos para além do nível superficial dos relacionamentos humanos (onde a superficialidade, a frivolidade, existem), compreendemos que, na realidade, muitas pessoas se sentem desconfortáveis e insatisfeitas com as suas vidas, consigo mesmas.

Sentem-se sós, deprimidas e encontramos à nossa volta, um alto grau de solidão e de alienação.

Cada um, vivendo na “bolha de sabão” por si próprio criada, tão frágil e insegura, quanto a sua própria vida.

Não sei se, alguma vez, já pensou que a sociedade que todos criámos e, em que vivemos, é constituída, por seres humanos, por todos e por cada um de nós. Juntos, somos a sociedade. A sociedade somos nós, em relação. Cada um manifestando os seus próprios processos individuais de pensar, agir e sentir, sobre os quais, parece que quase nunca refletimos…

Por isso, qualquer pretendida mudança de comportamento há de começar em si, em mim, em cada um de nós.
Não amanhã! Mas, hoje! Assumamos, de vez, essa responsabilidade.

É que é preciso resgatar a sensibilidade humana e o toque da vida. É preciso levar a música a cada coração.

Por isso, apenas, hoje, seja bondoso, grato e muito gentil.
Enquanto essa mudança não acontecer…
Somos súbditos do “reino do superficial”.

E, talvez, por isso, somos a um tempo a violência e a paz…

Maria João Marques 

Nota: O artigo/pensamento aqui reproduzido foi publicado no Editorial do "Jornal Daqui" do Concelho de Mafra, Edição n.º 91, de 11 de Maio de 2016 (página 2) e em http://www.jornaldaqui.com.pt/

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